A liberdade e só a liberdade

Fundação Eugénio de Almeida, Évora
Curadoria: Ana Matos


na imagem: The Old System, 2023 óleo s/tela 200x133cm





A LIBERDADE E SÓ A LIBERDADE Ana Matos Curadora Em 1821, a Inquisição foi extinta em Portugal e o Tribunal do Santo Ofício de Évora, onde nos encontramos e que acolhe o Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida, é dado por encerrado. A memória e a história são, no entanto, perenes, e o que 285 anos de Inquisição em Portugal representam não se apaga pelo decreto de Marquês de Pombal. São memórias (individuais) que não temos, mas que, coletivamente, não esquecemos, e que, num jogo semântico, dão título a esta exposição. Por aqui, continuam a ressoar as palavras de quem lutou por um mundo mais livre e igual, porque mais justo. Por aqui, continuamos a sentir esse passado porque, como dizia Eduardo Lourenço, “É com ele que imaginamos o futuro.” «A liberdade e só a liberdade» encontra-se organizada em dois núcleos expositivos, entendendo-se, assim, o exercício da liberdade como duas forças, concorrentes, aglutinadoras, gregárias. Por um lado, o pensamento e a reflexão sobre o eu, os outros, os mundos, culturas e credos, raças e espécies que existem no planeta que habitamos, múltiplos sendo, ao mesmo tempo que singulares. Por outro lado, a ação, a reivindicação dos direitos e a assunção dos deveres, a pertinência do grito, ainda que em surdina, o que podendo parecer um paradoxo, é tão real por serem tantas as vozes que não chegamos a ouvir. Os artistas e as obras que aqui se apresentam assentam nessa dicotomia do Homem como ser pensante e interventivo, em um compromisso com a natureza,  a política e o património. O pensamento e ação como ferramentas na construção da Liberdade é também o desafio a que se convoca o visitante. A sua experiência será lentamente absorvida e transformada em uma outra qualquer coisa, da dimensão do intelecto e da sensibilidade. Em consciência, como por epifania, recordando o local onde nos encontramos, levantamo-nos todos na luta pel’ «A liberdade e só a liberdade».

Com obras de Augusto Brázio, Cláudio Garrudo, Inês d’Orey, Mafalda Santos, Marco Franco, Martinho Costa, ±MaisMenos±, Nuno Nunes-Ferreira, Paulo Mendes, Patrícia Almeida, Pedro Pascoinho, Rui Horta Pereira, Tiago Casanova, Wasted Rita.